segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Nome Próprio


Hoje dei uma relembrada rápida em "Nome Próprio" do Murilo Salles, que eu vi há uns dois, três meses atrás. Lembro que na época eu não soube muito bem expressar uma opinião concisa. Talvez um pouco vulgar, mas seguido de uma boa interpretação da protagonista, Leandra Leal, no papel de Camila. Um pouco clichê demais. Moderninho demais. Tinha mais expectativas sobre esse filme.
Mas analisando melhor. Dá pra fazer uns "quotes" bem bons. Algumas das frases profundas da Camila me lembram um pouco (eu evito esse tipo de coisa, por achar melodramático demais. mas vez ou outra eu me pego filosofando coisas que até eu mesma acho ridículo, porém vindo de outra pessoa, até nem é tanto. coisas de Mayra.)
A personagem, um tanto quanto confusa (...) no fundo só queria se encontrar (escrevendo um livro). Mas o mais interessante disso tudo não é esse 'objetivo principal', mas sim os conflitos que ela gera dentro dela mesma e, consequentemente, com os outros à volta.
O começo do filme já é quase uma agressão ao espectador. A primeira cena se resume a um cara, jogando tudo o que encontra dentro de malas e caixas desesperadamente. Quando ele finalmente consegue por metade da casa dentro delas, ele a chama a então protagonista e a expulsa de casa. Ela tá pelada em cima da cadeira e os dois começam a brigar. É realmente uma cena tensa, visto que... né.
Depois disso ela começa a escrever enlouquecidamente, vai morar com um conhecido, encarna a faxineira e quase morre chapada. E assim vai.
Ao mesmo tempo em que ela deseja se apaixonar por alguém, ela não consegue ficar só com uma pessoa. Sempre acaba fazendo alguma merda, seja roubando ficantes de amiga (e transando com eles na praia) ou bebendo, enfim.
Uma das melhores cenas é o gelo no cara de Riberão Preto. Ela simplismente destrói, e ainda faz o cara pagar uns 20 drinks pra ela. Claro que no final ela acaba dando pra ele, enfim, mas é muito engraçado haha.

Camila (Beatriz):
- Eu preciso de alguém que me faça calar a boca. Alguém que me obrigue a escutar. Alguém que me domine. Eu preciso disso pra parar de ter vontade de ficar olhando pro lado o tempo todo. Preciso de alguem que me cure. Um homem que me cure. Acho que esse cara não existe. Quer dizer, eu ainda nao encontrei ele. Mas eu vou continuar procurando.
Cara:
- Beatriz, eu preciso dá uma mijada.

PQP HAHAHAHA

Mostra clara da sensibilidade masculina perante a uma fala feminina (e não uma fala qualquer). Às vezes a densidade das palavras que a gente tanto demora a formar dentro da nossa cabeça, acaba não sendo compreendida, e não só, desprezada por gente que não se importa em escutar o que os outros tem a dizer. Tá certo que no fundo eles tavam ali por um único motivo, cada um. Ele só queria comer alguém e ela só queria alguém suficientemente trouxa pra pagar os drinks. No final, acho que no meio dos enganos, os dois acabam se saciando, talvez não de uma maneira 'amigável', mas enfim. AauhaUHAuhAUAuha
No fim, ela acaba conhecendo um cara pelo blog dela (bastante acessado por sinal ehehe), se apaixonando, o cara sumindo. É mais um tipo de filme que vale por algumas cenas do que pela história em si.
Acho que a Camila representa claramente alguns fragmentos de solidão, confusão, excessos. Essas coisas que a gente passa quando a gente ainda não sabe direito o que é. Criança, adolescente, adulto. A gente ainda não tá pronto, não estamos prontos pros outros, pro mundo e tampouco pra nós mesmos. E isso é necessário. Esse período é bom pra se encontrar. Talvez não tão excessivamente, e com tantas quebras de limites quanto a personagem em questão. Mas estes servem pra refletir e quem sabe tentar relacioná-los com algumas coisas que a gente vê por aí e que nós mesmos ainda passamos.

"Fico pensando que ninguém se cura de nada, nunca. E a dor são os poros por onde transpira a escrita. Tudo sobra em mim, e ao mesmo tempo não há nada em mim. Sofro de nada, e de ninguém.."

2 comentários:

  1. "Ao mesmo tempo em que ela deseja se apaixonar por alguém, ela não consegue ficar só com uma pessoa. Sempre acaba fazendo alguma merda" (...)

    "Ela simplismente destrói, e ainda faz o cara pagar uns 20 drinks pra ela. Claro que no final ela acaba dando pra ele"

    "Acho que a Camila representa claramente alguns fragmentos de solidão, confusão, excessos. Essas coisas que a gente passa quando a gente ainda não sabe direito o que é. Criança, adolescente, adulto. A gente ainda não tá pronto, não estamos prontos pros outros, pro mundo e tampouco pra nós mesmos. E isso é necessário. Esse período é bom pra se encontrar."

    Tu manda.
    Já disse isso?

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  2. eu gosto desse filme, só não gosto da clarah :~
    acho interessante. e eu adoro a leandra leal.

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