Depois de muito tempo, cá estou. Não que eu tenha me esquecido do blog; por muitas vezes pensava nas coisas em que poderia escrever. Mas eram breves flashes, como quando quem sonha algo bom, ou tem uma idéia boa enquanto está dormindo, acaba não anotando em algum lugar e esquece no dia seguinte, enfim.
"- Você nunca se perguntou de onde vêm todos esses fios?
- Não, nunca penso nesse tipo de coisa.
- Bem, eu sim. E para onde vão, também."
- Não, nunca penso nesse tipo de coisa.
- Bem, eu sim. E para onde vão, também."
Bom, precisei ver "Paris", do Cédric Klapisch de novo pra ver o quanto esse filme é genial. Tá bom, nada mais é do que histórias paralelas, no meio daquela cidade maravilhosa em que todo o mundo queria morar. Mas não é só isso. É mais.
Meio que sai do mundinho criado da maioria dos filmes. Esse é um filme que mostra não só o cotidiano de pessoas 'normais', mas seus medos e desejos, suas frustrações, suas expectativas. Coisas que todos tem, mas que nem sempre sabem exprimir. Aqui, é possível vermos várias reações e situações 'vagamente' familiares, nas quais nos identificamos. A partir daí, é possível analisar não só a situação do personagem, mas a nossa aos olhos de um espectador. E isso é uma das grandes características do filme (tudo bem, eu sei que isso não é uma coisa extraordinária e original, mas deixe eu me inspirar nele haha).
Os personagens são bem diferentes entre eles. Não posso deixar de falar primeiro da Binoche (sim, eu sou muito paga-pau dela) que tá linda demais. Ela sempre acaba passando a própria doçura dela pros personagens que faz. Interpreta Èlise, a irmã do 'personagem central', Pierre, feito pelo Romain Duris. Este, sofre de uma doença cardíaca dando-lhe poucos meses de vida. A partir disso, ele começa a ver a vida de outra forma, encontrando da sua janela - e vendo nas pessoas que passam - os seus heróis das histórias que inventa para si mesmo.
Ao decorrer da história, conhecemos outros personagens, como o divertidíssimo Fabrice (Roland Verneuil), que trabalha como um importante historiador, que logo se vê apaixonado por uma jovem aluna. Suas maneiras de lidar com seus problemas, segundo ele próprio (na ótima cena do psicanalista), sempre foram práticas. Nunca teve tempo para sentimentalismos. Quando se apaixona pela aluna, outros problemas como a morte do pai e outras frustrações também vem à tona. Então. É possível ver que às vezes, só com um empurrãozinho, o mundo acaba caindo em nós. Acabamos nos importando e se dando conta de quantas coisas deixamos passar e que muitas vezes nos ficam atravessadas. Absorvemos tanta coisa no dia-a-dia e das pessoas a nossa volta, que quando finalmente olhamos para nós mesmos, olhamos pessoas vazias, cansadas de ter que carregar tanto peso (e na maioria das vezes, desnecessários).
Ao final do filme, vemos Pierre a caminho do hospital, vendo todos os outros personagens seguindo suas vidas (diferentes ou não, ao longo do filme), analisando o quanto as pessoas adoram reclamar da vida, e se dizerem insatisfeitas com tudo. No fundo, nós gostamos disso. Temos nossas vidas, fazemos de tudo. Temos pressa, corremos, discutimos, resolvemos. Damos tanto valor ao que nem sempre nos é importante. E o engraçado, é que só ao final dela, percebemos isso. Do quanto poderíamos ter aproveitado mais e nos preocupado menos com os mínimos detalhes.
Ufa. Com certeza esse vai pra lista dos filmes favoritos. Como se não bastasse (claro), a trilha sonora também é maravilhosa (que depois de muita procura, logo logo vai pro outro blog).
Recomendo a todos.
ainda não terminou o download do filme.To na seca pra assistir *_*
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