segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Aula de Literatura?


Bom, devo confessar que nos últimos três anos de martírios escolares, esse não me foi um ano tão ruim.
Visto que surpreendentemente, há duas aulas das quais espero ansiosamente para ter. Tudo bem, eu gosto da matéria. Mas sinceramente, não me acho grande conhecedora. Sei dos períodos, alguns autores, algumas histórias, essas coisas que nos fazem decorar (das quais eu não tinha muito interesse, julgo pelos professores - sim, eles fazem toda a diferença).
Uma das poucas coisas que posso dizer que aproveitei, e que realmente gostei desse ano foram as aulas de literatura do meu curso pré-vestibular (aulas do colégio são descartáveis). Mas claro, não só pela matéria, como vocês já sabem.
Meus dois professores.. Bom. Não gostaria de cair no clichê "aluna apaixonada por professor" mas, quando se tem pessoas que REALMENTE entendem do que falam e conseguem transmitir com entusiasmo aquilo que sabem a nós, míseros alunos, é impossível não criar uma grande admiração à pessoa a sua frente.
Não gostaria de citar nomes, caso alguém que os conheça leia, e me dedure (pode até ser bobagem, mas eu sou cagona mesmo).
O João* eu vejo quase como um pai. Realmente, até vejo um pouco do meu pai nele e vice-versa, pela sabedoria com que os dois dizem as coisas. Às vezes sarcástico, irônico. Às vezes sensível. Direto. Sai com umas tiradas ótimas e sempre consegue dizer alguma coisa que faça a gente pensar. Eu admiro tanto esse cara que qualquer merda que ele fale eu acho engraçado (imaginem uma sala silenciosa e a retardada aqui rindo. É uma coisa meio estranha).
Hoje ele disse algo muito interessante. Falando de Clarice Lispector, "A Hora da Estrela", nos falou que a história é como se fosse alguém (o narrador, Rodrigo S. M.) que resolvesse contar a história de alguém comum (Macabea, no caso). Mas afinal, todos somos comuns? Sim, se olharmos de maneira geral, somos (ou pelo menos a maioria, rs). Não conseguimos enxergar alguém na rua e pensar: "Hum, aquele ali é incomum". Não. Mas se pararmos apenas para olharmos cada um, individualmente, é impossível adjetivar todas as pessoas de míseros 'comuns'. Alguns tem a vida mais previlegiada, outros não. Com mais movimento, outras nem tanto. Mas tudo depende do jeito que a história de cada um de nós é contada. Se pegarmos qualquer ricasso famoso como exemplo, sem qualquer noção e conteúdo para contar qualquer fato da sua vida, há uma grande chance de acabarmos dormindo sobre a mesa (tudo bem, ignorando as revistas de fofoca que tiram seu sustento disso hehe). Agora, qualquer um de nós que souber como falar de nós mesmos/de alguém/de algo de uma forma interessante e instigante podemos, sim, fazer uma grande história. Quem interessa não são (necessariamente) os personagens, e sim o narrador. Enfim. Foi mais ou menos isso que ele disse.
A vida não é assim? Dar importância demais 'ao personagem' e 'ao cenário', nos faz esquecer de contar a história em primeira pessoa (nooffa! HAHA). Somos um. Generalizar as coisas é um dos erros mais bobos (e mais frequentes) que cometemos. Quando aprenderos a ver o outro como um indivíduo único, com seu passado e seu presente, seus pensamentos, sonhos, medos e afins, talvez enfim, consigamos estabelecer alguma conexão real. Isso é compartilhar. Quem sabe até uma história (nossa, que texto "profundo". acho que era só pra falar da aula de literatura mas me empolguei um pouquinho).
Continua...
* nome trocado para garantir à pessoa mencionada sua indentidade preservada e evitar possíveis embaraços à dona deste blog.

Um comentário:

  1. já tive essas aulas rs =D
    e realmente adoro, em meio as outras coisas "inúteis" :~

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