domingo, 20 de dezembro de 2009

Old Girl

Eu sei que é uma coisa totalmente doente, mas ontem me aconteceu uma coisa engraçada. Eu criei (involutariamente) um instinto de aproveitar certos momentos de uma maneira diferente. Como se fosse a última vez, ou já pensando que tudo aquilo iria, um dia, acabar.
Quem lê, até pode achar que eu sou a pessoa mais pessimista e cética do mundo. Mas não é assim. Eu me senti tão bem, e tão tranquila vendo toda aquela cena como alguém de fora que consegui apreciar ainda mais a situação.
Quem não gosta de exaltar o passado? "Eu era feliz e não sabia." Era uma frase que eu pensava constantemente. Mas por que não exaltar essa "lembrança" no exato momento em que se vive?
Uns dizem que viver cada dia como se fosse o último é uma coisa boa, mas pô. Pensa. Se eu fosse pensar nisso, eu iria viver deprimida. No meu caso, eu prefiro ver esses momentos especiais como "lembranças presentes" - literalmente. São ocasiões em que eu sei que daqui a 20, 40, 50 anos eu vou lembrar saudosamente. Nessa hora, eu me imagino uma senhora, já na sua cadeira de balanço, lembrando todas coisas boas que já fez e quantas ainda há de fazer (porque claro, eu sempre quero mais de tudo). Enfim.

Me senti mãe, mulher, e menina ao mesmo tempo. É uma coisa tão engraçada! Se sentir por um momento, íntima de si mesmo, através de outra pessoa.
E assim como fui, voltei sozinha. Me sentindo orgulhosa por isso. Se tudo o que eu vivia ali é nada menos que uma lembrança, é natural que eu sempre volte ao presente por mim mesma.
E voltei. A afaguei e a guardei, dentro da memória.
A realidade me esperava, atrás do portão. Me despedi, dei um beijo e fui embora.

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