quinta-feira, 21 de maio de 2009

Quem inventou o vestibular?

A rotina é sempre a mesma. Em tempos de ansiedade, final de trimestre, cursinho, provas, saco cheio e noites mal dormidas, os dias passam cada vez mais lentos. A manhã para mim sempre é difícil. Na minha humilde opinião, a manhã foi feita para ser dormida (há os que se opõem, e eu não os tiro a razão. Mas nada como dormir tarde e acordar tarde). Mas enfim...
As palavras que mais escuto no dia-a-dia são:
UFRGS, VESTIBULAR e ENEM.
Quem foi o desgraçado, miserável, filho de uma égua que inventou o vestibular?
Como o meu próprio professor de história do cursinho disse, o vestibular é um concurso público do qual milhões e milhões de jovens se matam para poderem ser considerados alguém a ser respeitado (isso se aplica às universidades federais, claro). A educação brasileira (já entrando num contexto político) prepara muito bem seus alunos no ensino superior, mas nada adianta se contentar a uma base medíocre que é o ensino público nas escolas. Aí ainda tenho que ouvir comentários, por exemplo, de meninas que estudam em um Rosário ou Anchieta da vida, dizendo que quem depende de cota é burro. É assim no pré-vestibular, onde vários alunos também de colégios particulares, se preparam para concorrer com o cara que estudou a vida inteira em uma escola com uma estrutura precária, falta de professores e uma péssima base de conhecimento.
No fundo, aquelas meninas não estão erradas. Cota é coisa de burro sim, coisa de governo que tenta tapar o sol com a peneira, para poder criar uma boa imagem enquanto não toma as medidas necessárias para uma melhor qualidade no ensino.
Estou enfatizando esse tema pela maior circulação de notícias vinculadas à governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, que vem sendo acusada de inúmeras fraudes (no Detran, e durante a sua campanha), tendo comprado uma casa no valor de R$ 1 000 000.
Enquanto isso, escolas estão sendo improvisadas em containers, onde crianças não conseguem assistir as aulas.
É para onde a educação está indo. Para a lata, a lata do lixo.
Diversos movimentos estudantis estão sendo organizados. Um deles é o "Caras Pintadas"(do qual participei algumas vezes), com membros do DCE da UFRGS, que vem fazendo um ótimo trabalho, distribuindo jornais, conscientizando os alunos, passando nas escolas, organizando atos e promovendo encontros com os estudantes para troca de idéias. Um ótimo exemplo de união e força, inspirado ainda pelos primeiros "caras pintadas", lá no tempo do Collor. O oposto da imagem que a maioria da sociedade tem dos jovens. É fato que hoje em dia grande parte não dá valor à política como deveria, justamente por pensar que não há mais ideais nem causas para lutar. Mas dentro de tudo isso, existem as exceções, que tem conhecimento dos problemas que nos envolvem e não só reclamam, como também tentam fazer alguma coisa para tentar mudar a situação.
Peço que não me interpretem mal. Não quero generalizar nada. Reconheço que também existem políticos interessados, e que fazem a sua parte. Reconheço que existam várias escolas públicas excelentes em todos os estados. Mas por que esse privilégio é concedido apenas a uma minoria? Por que para alguns as coisas são tão fáceis e, para outros, tudo tem de ser tão difícil? Essas e tantas outras questões poderiam ser levantadas, e talvez com boa vontade e bom senso, poderiam ser resolvidas. Mas como não adianta falar e não fazer nada, continuo aqui sentada, escrevendo para mim mesma.

Depoimento de uma aluna do terceiro ano do ensino médio, de 17 anos, que há 6 estuda em colégio estadual.

4 comentários:

  1. passo pelo mesmo dilema :P
    mas estudei em escola particular a vida inteira e agora no terceiro ano troquei de colégio para ir para um preparatório (pré-vestibular, etc)

    é horrível ter a mente tão fechada e tantas neuroses :S

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  2. Realmente, May, a educação está precária. Fui no meu ex-colégio semana passada (escola municipal que, quando estudei lá, estava quase caindo aos pedaços) e veja só, toda reformada hoje, mas o ensino? Piorou. É mesmo muito complicado tudo isso, tanto escolas caindo aos pedaços quanto professores não tão bem preparados para ensinar como mestres. Fica a dúvida: Vale a pena se matar tanto assim nos dias de hoje?

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  3. Eu sinceramente não sei em qual mundo eu vivo. Eu apenas vivo. Vestibular, futuro, vida são assuntos que inundam meu pensamento, que cansam o meu coração.
    Já percebi que o mundo está uma merda. Tenho certeza que não posso fazer nada para transformá-lo num lugar totalmente lindo, justo. Tenho consciência de que, pelo menos, mover uma pena eu tenho condições e pretendo fazer isso.
    ...mas, como eu disse, eu não sei em qual mundo eu vivo. Não entendo as pessoas, não entendo o sistema. Já me explicaram e já me provaram que existe uma certa coerência nesse mundo, mas eu insisto em não entender porque, para mim, não faz sentido.

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  4. Fase cruel essa de vestibular...tenho experiência pra falar.Mas tudo passa, tudo muda, no fim restam só as lembranças dessas noites mal dormidas, neuras e sacrifícios.

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